A arte de criar possibilidades
Uma das atitudes psicológicas mais naturais do ser humano é a criação de hipóteses em cima de qualquer coisa. E não existem restrições, o que é fantástico!
Toda pesquisa científica, todo modelo de negócio, todo sonho concebido é baseado em hipóteses, possibilidades. Daí em diante, após muito trabalho, as hipóteses dão lugar à validação da mesma ou até mesmo a confirmação de que ela não é válida.
No caso de pesquisas científicas por exemplo, a pesquisa pode ser um sucesso por confirmar que uma hipótese não é verdadeira.
No entanto, muitas vezes nós utilizamos premissas e possibilidades de uma forma um tanto quanto negativa.
O namorado que manda mensagem de boa noite todos os dias e no dia que não manda ela pensa que ele está a traindo, o colega de trabalho que um dia chegou e não conversou muito como o de costume e as pessoas já pensam que ele é um antissocial e não está mais engajado no serviço, o amigo que não pôde ir na sua festa de aniversário e logo você já pensa que ele não tem consideração alguma por você, antes mesmo de perguntar o que aconteceu.
São inúmeras hipóteses que são criadas e consideradas no dia a dia. Muitas vezes geram discórdias que de certa forma poderiam até ser evitadas.
O ponto é que, seguindo os exemplos acima, será que essas hipóteses são sempre reais? Será que não existem outras hipóteses que possam ser positivas? Ou melhor, será que ir atrás da verdade não seria mais interessante?
Afinal, um namorado pode não mandar mensagem de boa noite por que ele está traindo sua namorada ou simplesmente por que ele estava lendo um livro e pegou no sono. Um colega de trabalho pode simplesmente estar se sentindo mal, ou estar passando por um momento difícil de sua vida e um amigo pode ter recebido uma visita em cima da hora ou ter tido seu carro roubado e não pôde ir ao seu aniversário.
As possibilidades são infinitas, tanto para o lado positivo quanto pro negativo.
Tá, mas então não devemos criar hipóteses?
Em minha opinião, o problema não está em criar hipóteses, mas sim em saber interpretá-las.
Assim como consta no dicionário Priberam, uma hipótese é nada mais que uma suposição de algo que é possível, ou seja, pode ser verdade ou não.
O problema real em minha opinião é que muitas pessoas acabam assumindo hipóteses como verdades absolutas e, na maioria das vezes, sem mesmo perceberem isso.
Um pouco de estatística
Durante a faculdade fiz uma disciplina de estatística que me ajudou a ter uma interpretação melhor em cima de hipóteses e probabilidades.
O fato é que, não é porque existe a possibilidade que deveremos criar toda a expetativa do mundo.
É como se você apostasse 2 reais em um bilhete da Mega-Sena da virada e não conseguisse nem dormir de tanta ansiedade pela possibilidade de ganhar milhões de reais.
A estatística afirma que a possibilidade de você ganhar é quase zero.
Só para ilustrar, de acordo com uma matéria do G1, a chance de se ter ganhado a Mega da Virada de 2013 com apenas uma aposta de R$ 2,00 foi de 1 em 50.063.860, o que dá algo próximo de 0,000002%, ou seja, praticamente zero.
Esse é um dos motivos que eu prefiro juntar o dinheiro que eu gastaria na Mega-Sena e investir em cerveja, por que a probabilidade de eu receber as cervejas em troca do dinheiro e me realizar com elas está certamente acima de 90%.
Receita para se fazer fofoca
Para se fazer uma boa fofoca, pegue uma hipótese sobre alguém e espalhe para o máximo de pessoas que puder.
Infelizmente isso é o que ainda acontece muito e inúmeras vezes acaba gerando situações desconfortáveis e complicadas para quem é o “protagonista” da fofoca.
E se trabalhássemos com verdades ao invés de apenas hipóteses?
Eis um caminho que tenho feito muito esforço para seguir.
E se, ao invés de apenas criar suas hipóteses, você as validasse?
É uma pergunta bem familiar para quem já leu o livro Lean Startup (ou Startup Enxuta) do Eric Ries.
Se está achando que alguém está magoado com você, procure a pessoa e converse com ela. As vezes ela está chateada por algo muito simples que pode ser resolvido com uma boa conversa ou pode ser que nem seja com você.
Se seu colega de trabalho parece bem, não seria interessante procura-lo e perguntar se ele está bem? Quem sabe ele está passando por um momento difícil e não precisa apenas de um ombro amigo?
Uma boa comunicação com uma pitada de raciocínio lógico costuma a resolver tudo.
Quanto aos relacionamentos, é onde a questão costuma a ser mais acentuada e por isso a recomendação é mais forte. E a recomendação é:
Se você não tem prova concreta de que algo errado está acontecendo, então não está acontecendo algo de errado.
E isso não vale só para relacionamentos, mas para qualquer situação.
Uma vez que você entende e aplica essa ideia, a vida se torna incomensuravelmente mais simples.
Não viva um mundo de fantasias e ilusões da sua própria cabeça. Viva o mundo real, baseado em verdades e fatos concretos. As pessoas ao seu redor irão inconscientemente te agradecer muito, inclusive você mesmo.
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