
Certa vez, estava eu esperando meu vôo de Belo Horizonte para Joinville no aeroporto Tancredo Neves (Confins), e vi algumas placas expostas lá contendo explicações para alguns dos jargões mineiros mais populares.
Por muitas vezes precisei parar para explicar alguns desses jargões e na maioria destas vezes confesso que tive dificuldades. Risos.
Então, resolvi publicá-las aqui para tentar esclarecer um pouco do nosso vocabulário.
Confere aí.
garrado – adj.
É quando o mineiro diz que vai. Aliás, é quando ele diz que vai com certeza, que não fará outra coisa na vida a não ser ir ao determinado lugar. Ex.: “Vai a festa hoje?” Resposta: “Tô garrado!”. É o contrário do “Vamo marcá”.
Também utilizado para definir momentos em que o trânsito não anda ou quando você precisa ficar até mais tarde no trabalho.
arreda – v.
Exprime um desejo incontrolável de deslocar objetos ou pessoas para um ponto mais distante de quem diz. Quando acompanhada de “pra lá”, a expressão passa a ter caráter de urgência.
ah neein – adj.
Não. Nunca. Jamais. Só depois de morto. É uma expressão máxima da negação. Geralmente, vem acompanhada de uma testa franzida e sucedida por palavra de baixo calão.
ali – adv.
Palavra que mede qualquer distância. Por isso, é utilizada para indicar objetos próximos ou novas galáxias. Se um mineiro disser que “só vai ali e já volta”, não o espere para o jantar. Se ele disser “é logo ali”, prepare o solado.
oncotô – interj.
Representa desorientação. Por isso, é uma palavra usada quando o mineiro desconhece a própria localização. Se alguém de Minas Gerais fosse abduzido, a primeira coisa que falaria ao ET seria: “Oncotô?”. É a pangeia da frase “Onde é que eu estou?”.
proncovô – interj.
Normalmente é pronunciado logo após o “oncotô”, visto que para o mineiro quando desorientado é mais importante saber onde está para depois descobrir para onde é que ele precisa ir de fato. Ou seja: “Para onde é que eu vou?”
trem – e. m.
Trem é isso, trem é aquilo, trem é tudo. É uma palavra que aparece quando as outras fogem da cabeça. Este trem não tem maquinista, não tem combustível, não tem vagão, mas puxa um monte de coisa. Você pergunta “Que trem é esse?” e todo mineiro sabe responder. Minas Gerais é legal por que tem um trem diferente dos outros estados.
uai – interj.
Antes de falar mamá ou papá, o mineiro aprende a falar “uai”. Por isso, essa palavra aparece em todas as conversas, até quando se fala sozinho. Uai é dúvida, alegria, tristeza, negação, afirmação e o que mais você imaginar. É tão completa que se auto explica: “uai é uai, uai”.
sô – sub.
É a forma do mineiro colocar forte ênfase na frase, como por exemplo “Já te falei que não vou, sô!”. Também pode ser combinado com o “arreda”, aumentando ainda mais o caráter de urgência da expressão.
Fácil, né? 🙂
Para finalizar, deixo para vocês uma foto da lua cheia vista pela ótica de um autêntico mineiro.


Fonte da imagem de capa da Maria Fumaça que liga São João Del Rei à Tiradentes, MG: https://www.falandodeviagem.com.br/
Fonte da imagem da super lua por Alexandre Vidigal: https://www.facebook.com/901253809969622/photos/super-lua
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